segunda-feira, 23 de julho de 2018

TOEFL iBT - Uma Abordagem Sincera

Pequena introdução

Desde o começo de 2017, faço parte do grupo enorme de pessoas que encaram a emigração como plano de vida. Como todos os outros, faço parte de fóruns, leio blogs, vejos os trocentos canais de YouTube que existem sobre o tema Canadá.

Estou ciente de que uma das partes mais complicadas e mais frustrantes de todo tipo de processo é justamente o teste de proficiência do idioma. Muitos precisam para o Express Entry; outros precisam para o College, para o trabalho, e por aí vai.

Muitos e muitos posts são de pessoas que querem saber como podem aprimorar o idioma. Em diversos outros, nos deparamos com futuros emigrantes relatando situações onde fracassaram na prova, pedindo ajuda aos demais para que consigam, finalmente, ultrapassar a fase da proficiência do inglês. Por essas e outras, inicio o post de hoje falando sobre ciência de privilégios.

Como mencionei no post que escrevi sobre o IELTS, eu comecei a estudar inglês aos 11 anos de idade. Desde cedo, acabei criando o hábito de ler em inglês o tempo todo, e tive a "sorte" de crescer com um gosto musical que me propiciou ouvir mais músicas em inglês. Por coincidência, a vida se desdobrou de tal forma que eu acabei tendo uma vivência muito intensa com o idioma desde cedo, e atribuo a isso a nota razoável que eu consegui tanto no TOEFL quanto no IELTS.


Meu inglês está a 900 mil quilômetros de ser considerado excelente, mas para os fins da imigração e da obtenção da nota mínima para as faculdades, consegui alcançar o objetivo. Todos os meus comentários reclamando da prova partem de duas premissas: 1) A vida foi muito boa comigo para que eu conseguisse atingir as notas mínimas necessárias sem passar por tanto perrengue; 2) Apesar da premissa 1, tenho total ciência de como essas provas são enlouquecedoras.

Partindo desses pequenos esclarecimentos, sigamos!



O que é o TOEFL iBT? Para que serve? Do que se alimenta?

Uma vez ultrapassado o longo caminho para obtenção da residência permanente, chegou a hora de pesquisar quais seriam as minhas opções de estudo no Canadá. Muitos amigos me perguntaram o porquê de eu ter feito "outra prova de inglês", fazendo referência ao IELTS General Training. A verdade é que essa prova do IELTS não serve para muita coisa (que eu saiba), a não ser cumprir o requisito do Express Entry.

Pois bem. Após fazer um levantamento dos requisitos mínimos de todas as faculdades que despertaram o meu interesse, tive que inicialmente optar entre dois tipos de prova que eram aplicadas no Brasil: o IELTS Academic ou o TOEFL iBT. Como eu já havia tido uma experiência com o formato de IELTS, decidi arriscar o TOEFL.

A prova do TOEFL é feita para analisar o seu nível de inglês num ambiente universitário, voltado especificamente para a vida acadêmica. Tudo que envolve a prova do TOEFL simula o que você passaria numa universidade: muitos dos áudios são aulas ou diálogos entre alunos e/ou professores, os textos são mais robustos, as tarefas do Writing são mais perspicazes. O exame é dividido em quatro seções: Reading, Listening, Speaking e Writing, com pontuação máxima de 30 pontos para cada uma delas (120 pontos, no máximo).

As pontuações são calculadas de uma forma um tanto quanto peculiar, se assim posso dizer. A parte do Reading, por exemplo, possui 45 questões, as quais variam de "peso" na hora de chegar ao valor máximo de 30 pontos. O Listening tem 34 questões, que também seguem a mesma linha de raciocínio de pontuação para mais ou para menos a depender da pergunta. Nas minhas pesquisas, achei esse tipo de site, o qual explica como você pode estimar e entender um pouco mais a sua nota na prova.



Como foi a minha experiência com o TOEFL iBT?

Depois de observar as notas mínimas requeridas pelas universidades, cheguei à conclusão de que precisaria obter a nota mínima de 100 pontos dos 120, sendo que pelo menos 75 pontos deveriam vir da somatória do Reading, Listening e Writing.

É muito curioso escrever sobre a minha experiência do TOEFL iBT. Diferentemente da minha vivência com a prova do IELTS General Training, eu não tive a oportunidade de me preparar como gostaria para a prova, a tal ponto que preciso olhar a sua estrutura na internet para poder desenvolver melhor o texto.

Inicio dizendo que inicialmente agendei a minha prova para o dia 06 de Abril de 2018 em São Paulo, poucos dias antes de fazer o landing no Canadá. Pensei que seria uma ótima ideia aproveitar que eu já estaria em São Paulo para tirar essa prova da minha cabeça. No entanto, eu não levei em consideração que eu estaria absolutamente eufórica com a perspectiva de chegar no Canadá, então minha concentração estava em torno de -290. Além disso, passei as semanas anteriores ao landing com uma série de coisas para resolver, e me senti mais segura pagando a taxa de reagendamento (60 dólares americanos) para fazer a prova no dia 07 de Julho em Salvador (bem mais perto da minha cidade).

Fui e voltei do Canadá, e foi tudo maravilhoso. Uma vez de volta ao Brasil, quis acreditar que eu ia conseguir me dedicar como eu gostaria para a prova. No entanto, como disse Joseph Climber naquele stand up comedy quase-engraçado: a vida é uma caixinha de surpresa. O mês anterior à prova foi muito difícil por uma série de motivos pessoais seríssimos, então todo e qualquer planejamento de estudos foi por água abaixo. Eu não tinha tempo, eu não tinha cabeça, eu não tinha nada.

Como a maioria das faculdades que eu tenho interesse vão abrir as inscrições no começo de Agosto, eu não quis encarar mais um reagendamento, ainda mais correndo o risco de precisar refazer a prova caso eu não atingisse a nota mínima. Cheguei à conclusão que eu tinha que fazer a prova de um jeito ou de outro, mesmo que isso significasse perder os 215 dólares de inscrição (também conhecidos como R$ 850,00 reais, na cotação de hoje).


Pós prova

Minha prova estava agendada para começar às 9h na escola de inglês ACBEU, em Salvador. Consegui um voo promocional para ir e voltar no mesmo dia, então às 6h30 da manhã eu já havia chegado na capital baiana. Esperei até mais ou menos 7h30 para pedir o Uber, e saí do aeroporto diretamente para a escola.

A escola é uma gracinha, e todos os funcionários são muito educados. Recomendo muito fazer a prova por lá, inclusive. De cara, já notei uma diferença gritante em relação à prova do IELTS General Training que eu fiz em Recife: somente foram disponibilizadas 8 vagas para realização da prova do TOEFL.

Eu pensei que iria encontrar o ambiente que encontrei no IELTS: cheio de gente, numa vibe de prova de concurso, com as pessoas revisando a matéria de última hora etc - nada disso. Estava super tranquilo, e eu e os outros sete aplicantes passamos o período anterior à prova conversando sobre nossas vidas. Foi bom ver que todos estavam lá com um propósito de vida parecido com o meu, o que acabou por me dar uma sensação boa de cumplicidade, de que iríamos passar por aquela experiência juntos, por motivos semelhantes.

Antes da prova, fomos conduzidos a um local para guardarmos nossos pertences, já que só pode entrar com lápis e/ou caneta e seu documento de identidade no laboratório de informática. Fiquei chocada que nem sequer podia entrar com água no local de aplicação da prova, mas admito que isso não foi um grande problema.

Após guardar os materiais, a escola entrega um documento para que você assine um termo de confidencialidade, no qual você se compromete a não informar as questões trazidas e nem divulgar qualquer informação que foi diretamente cobrada na prova. Logo, todo o meu texto tem que se escrito de forma a preservar o compromisso assumido.

Abaixo, descrevo todas as minhas impressões acerca das quatro seções da prova na ordem que elas se apresentam:


1) Reading: Meu deus do céu, que parte chata do !@#(!@_#)!@(. Sério, não tem como definir de outra forma. Foram três textos insuportáveis, e não pela dificuldade do idioma em si - e sim porque eram textos muito entediantes e mal escritos. "Ah, mas você tem que entender que no college/na universidade você vai pegar textos entediantes e mal escritos". Nossa, concordo plenamente, mas não vou precisar pagar 900 reais para lê-los num espaço de tempo digno de desafio do programa do Luciano Huck.

Quando eu digo que os textos eram chatos, eu não falo especificamente dos temas trazidos. Eu amo ler curiosidades na internet, de verdade! Não tem nada mais gratificante para mim do que ler sobre comunicação entre baleias orcas, sobre as diferenças entre onça e leopardo, lontra e ariranha, escalada ao Everest etc. Então o problema do TOEFL não é necessariamente os temas que ele traz, e sim como ele traz.

Se eu tivesse que resumir os textos sem quebrar o pacto de confidencialidade, eu diria que foi o equivalente a isso:

Texto 1:
Três tigres tristes para três pratos de trigo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes. 

Texto 2:
Em um ninho de mafagafos haviam sete mafagafinhos;
Quem amafagafar mais mafagafinhos, bom amagafanhador será. 

Texto 3:
O tempo perguntou pro tempo
Quanto tempo o tempo tem.
O tempo respondeu pro tempo
Que o tempo tem tanto tempo
Quanto tempo o tempo tem.


Imagens reais do dia da prova

Nossa, comecei a prova com um desgosto tão grande, porque simplesmente não sentia que aquilo iria medir, de fato, a capacidade de ninguém. Eu juro por todas as entidades que existem no mundo, e sem falsa modéstia, que eu não sei como eu consegui 28 dos 30 pontos. Eu respondia TODAS as questões com a sensação de que estava tudo mal feito, esquisito, errado, e não me lembro de ter certeza sobre absolutamente nenhuma delas. Além de tudo isso, a prova é muito, muito extensa: são 45 questões para responder.


Por questões pessoais, eu não tive tempo de examinar a prova do TOEFL como eu fiz com o IELTS. Eu fui pega de surpresa com a extensão da prova, então o tempo ia passando e a sensação que eu tinha é que aquilo não ia acabar nunca. O tempo é curto, e o teste é extenso, chato e desinteressante. Minha conclusão? São grandes as chances que o Reading do TOEFL te vença pelo mix de "pavor do tempo passando" + "que texto insuportável, meu deus do céu". Assim como o IELTS, o controle do tempo é essencial para conseguir finalizar a prova a tempo. No entanto, achei o TOEFL um pouco mais complicado nesse âmbito: é muita coisa para ler e pouco tempo para pensar. Cuidado com isso.

Minha nota no Reading: 28/30.


2) Listening: Minha preparação para a prova baseou-se muito nos vídeos preparatórios que achei no YouTube (ao final, colocarei os links que mais me ajudaram). Sobre o Listening, todos eles bateram na mesma tecla: para obter um bom resultado, seria essencial desenvolver uma boa técnica para anotações das informações trazidas. Fiz três simulações do Listening em casa, e sinto que não dediquei tempo suficiente para descobrir se a abordagem do "ouça e escreva" era, de fato, a melhor para mim. A priori, ainda em casa, eu tive a sensação de que conseguia melhores resultados se eu me dedicasse única e exclusivamente a ouvir os áudios e responder "de cabeça". No entanto, não dei tanta credibilidade à essa impressão, e segui martelando comigo mesma que eu ia precisar anotar todas as informações-chave no dia oficial.

Durante a prova, eu até tentei anotar as informações mais relevantes. Entretanto, notei que eu perdia tempo e atenção enquanto escrevia as coisas, aí abandonei essa estratégia durante a resolução do teste. Eu tive a sensação de que boa parte das questões podem ser respondidas com base no que você simplesmente escuta, mas (mais uma vez) repito: isso pode ser uma impressão do que funciona melhor para mim. Recomendo não repetir o meu erro e fazer um número maior de provas para entender melhor o que funciona para você no dia do exame.


Infelizmente não pode beber whisky na prova

Comparado ao IELTS General Training, achei a prova do Listening mais interessante e mais dinâmica (POR ACASO JÁ MENCIONEI COMO O READING FOI CHATO?!), então acredito que o velho treinamento com palestras do TED, podcats do Spotify (tem milhões), seriados, músicas, filmes ainda é uma boa maneira de se preparar (com as devidas adaptações ao seu nível de preparação).

Minha nota no Listening: 26/30.


3) Speaking: Me sinto Glória Pires no Oscar e quase não sei o que opinar. Acredito que, especificamente com o Speaking, vai depender MUITO de como você funciona e qual o tipo de situação que você se sente mais confortável. No General Training do IELTS, você conversará diretamente com um ser humano em 3D. Suas respostas serão gravadas e enviadas para que outro examinador avalie o seu desempenho.

No TOEFL iBT, tudo é gravado no computador. A priori, achei que essa proposta seria melhor, pois imaginei que isso me pouparia do nervosismo de conversar com alguém que está lá olhando para minha cara. Contudo, essa coisa do TOEFL iBT de ter que falar depois de um apito, com o cronômetro decrescente rolando solto, acabou me deixando nervosa. Eu não sabia direito para onde olhar, eu não sei dizer direito o que eu senti falando num microfone e fones de ouvido de piloto de avião, e por aí vai. É algo extremamente pessoal, então acho que vale a pena refletir o seu nível de desenvoltura nesse tipo de situação.



Minha nota no Speaking: 26/30.


4) Writing: Para mim, foi a melhor parte de todas. Eis a GRANDE vantagem do TOEFL iBT: você pode digitar a sua redação. Minha experiência no IELTS foi um pouco desesperadora, pois usei literalmente todos os minutos para terminar de escrever (e ter aquela certeza de que você cumpriu o número mínimo de palavras). Como eu tenho bastante prática com digitação, consegui terminar o Writing confortavelmente.


Mandando logo uns 10 phrasal verbs para começar

São duas tasks: na primeira, você lê um texto, ouve um áudio, e tem que fazer um resumo juntando as duas ideias (com foco em trazer o que foi dito no áudio). Na segunda, é dado um tema, e você tem que escrever sua opinião pessoal sobre o assunto. Na minha prova, achei que os dois temas foram bastante equilibrados, e não tenho nenhuma queixa a fazer sobre essa parte específica da prova.

Minha nota no Writing: 28/30.


Minhas notas no formato disponibilizado pelo site do TOEFL


Opinião final sobre o TOEFL iBT:

Se eu tivesse que falar em um parágrafo minha opinião sobre a prova do TOEFL iBT como um todo, eu diria que é uma prova chata. Não necessariamente chata por ser difícil, mas chata pelos motivos errados.

Eu tenho a teoria (louca e bastante pessoal) de que chega um momento que essas bancas organizadoras de prova de proficiência de inglês simplesmente não têm mais o que cobrar - aí elas partem para as aleatoriedades, para as maluquices.

Essa prova é aplicada não sei quantas vezes ao ano, aí eu fico com esse feeling que essa sede de "inovar os textos", "atualizar as técnicas de cobrança", acaba tomar espaço do verdadeiro propósito da prova - que é medir o mais objetivamente possível o seu nível de inglês.

Imagino a dificuldade que deve ser criar um fator objetivo para mensurar a capacidade de comunicação de uma pessoa em outra língua. Que fique claro que sou totalmente a favor da atualização do ensino, das questões, de tudo. No entanto, depois de anos e anos vivenciando a realidade de concurseira, achei que as questões com pegadinhas maliciosas e enunciados confusos eram prato exclusivo da casa.

Gostaria de ter a oportunidade de pegar a prova e ver como minhas respostas foram avaliadas individualmente, mas é claro que eles não divulgam isso. Fica aqui a minha experiência com essa prova enjoada, na esperança de que tão cedo eu tenha que passar por algo parecido! Me coloco à disposição de quem queira mais algum detalhe específico sobre o teste :) Abraço.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Day #4 - 14 de Abril - Festival Sikh

Como era esperado, acordamos cedinho mais uma vez por causa do jetlag. Temos aproveitado as manhãs para começar com calma, então mais uma vez preparamos nosso café bem devagar, enquanto conversávamos besteira e revíamos as fotos do dia anterior.

Meses antes, tínhamos visto que hoje seria o dia do Vancouver Vaisakhi Parade, um festival sikh que celebra o ano novo solar para essa religião. Vimos que o festival começava às 11h e terminava no final da tarde, então preferimos preencher o dia com outras coisas até chegar o momento de ir até lá.

Saímos da Granville Street e seguimos até a praia, seguindo em direção à English Bay e ao Stanley Park. A paisagem estava incrível, e estávamos radiantes pelo simples fato de não estar chovendo naquele dia! Tiramos milhares de fotos no meio do caminho, e como nós três somos amigos de infância, a sensação é de que ainda temos 15 anos e podemos falar  e fazer besteira o caminho inteiro. Quer um exemplo? Henrique e Juli decidiram que seria uma ótima ideia fazer ioga no meio do caminho. Vide:


Quase adoráveis, não é mesmo?

Gatinha na metrópole

Flores everywhere

Passeamos um pouco pela prainha chamada Sunset Beach Park, e sentamos para aproveitar um pouco a vista. Percebi que a cidade muda completamente quando não chove, então havia várias pessoas se exercitando na sua, famílias com seus filhos, e vários, vários dogs lindos, maravilhosos e perfeitos (estou com saudade de Preta, minha filha, aí me comovo facilmente com outros dogs).



Nhonhonhon

Vista da praia



Uma coisa interessante sobre Vancouver é que aqui os cachorros parecem ser mais peludos que os cachorros brasileiros. Eu juro! Deve fazer algum sentido – afinal de contas, aqui é tão mais frio. Mas enfim, além de super peludos, os cachorros são extremamente educados. Não latem, não rosnam, não interagem (que pena…), não fazem nada fora do script.

Depois da conclusão de que estávamos comendo mal e bebendo pouca água, decidimos comprar garrafas de água e hot dogs no carrinho de um senhorzinho. O lanche foi melhor e mais revigorante do que esperávamos, e seguimos nosso caminho em direção ao comecinho do Sea Wall do Stanley Park. 

Em uma loja próxima, compramos um cafezinho para dividir entre nós três. O café era daqueles que vêm no copinho estilo Starbucks para tomarmos enquanto caminhávamos, mas ele estava estranhamente ruim. Acabamos tomando só porque estava frio mesmo, mas zero planos de repetir esse café do Stanley Park. Depois de encontrar diversos patos e esquilos adoráveis, achamos que já estava na hora de seguir nosso rumo para o Festival Sikh.


Não aguento essas bundinhas de pato

Eu e Henrique versão patos + Juliana

Esquilinho preto

Tudo é lindo

Tudo mesmo

Juliana pulando bem alto para testar o modo Sport da câmera

Vista humilde

Os fofos

Estávamos longe, muito longe do local. Teríamos não apenas que pegar um ônibus, mas também o Skytrain até o lugar. A viagem ônibus demorou cerca de 20 minutos até a estação de trem mais próxima, e seguimos nosso rumo em direção à Main Street / 49th Avenue.

Descemos na estação indicada pelo Google Maps e, instantes depois, começamos a encontrar com pessoas de várias idades vestindo as roupas típicas do festival. Eram crianças, jovens, adultos e idosos com roupas lindas e coloridas, todos parecendo muito felizes por aquele dia. 

Para chegar propriamente ao lugar da parada, seguimos não apenas as pessoas com as roupas típicas, mas também a música indiana que tocava ao fundo. A sensação é de que estávamos cada vez mais próximos de um universo paralelo, pois ao mesmo tempo que as casinhas-bonitinhas-canadenses ainda nos cercavam, a multidão de feições e vestes indianas nos dava a impressão de que tínhamos viajado para New Delhi.

Ao virarmos na Main Street, finalmente chegamos. O evento era muito, mas MUITO grandioso, com um número incontável de pessoas e coisas para ver. Nós já tínhamos visto as fotos quando estávamos no Brasil, mas com certeza ver pessoalmente é algo completamente diferente.

Ficamos encantados logo de cara. Tivemos um pouco de receio, pois a priori nos sentimos um pouco "peixe fora d'água", como se tivéssemos invadindo um espaço que não nos pertencia. 95% das pessoas que encontramos estavam diretamente engajadas no evento, com roupas típicas e falando idiomas desconhecidos. Pensamos que poderiam achar esquisito nossa presença, que não gostaria que nós estivéssemos lá olhando e tirando foto. No entanto, foi exatamente o contrário! 

Todas as pessoas foram incrivelmente receptivas: nos deram muitas comidas típicas de graça, tomamos litros e litros de chai (yay!), nos chamaram para tirar fotos, autorizaram que a gente tirasse todos os tipos de fotos possíveis! Não tenho palavras para descrever quão receptivos eles foram.

Moça simpática com quem conversamos!

Antes

Depois!

Do evento, duas partes me chamaram mais atenção: a primeira foi um grupo de motoqueiros Sikh, chamados Sikh Riders. Nossa, sério: é muito sensacional essa mistura de roupas típicas x Harley Davidson. Todos os motoqueiros foram simpáticos, e falaram que poderíamos tirar foto sentados de qualquer jeito nas motos. Contaram que foram para o Alasca de moto e conheceram 6 brasileiros, e fizeram questão de ser bastante agradáveis all along.

Living the dream!

O olhar desse cara <3

Nunca fui tão feliz

Presença demais

OMG OMG OMG 

Tradicional x Novo

A segunda parte foi um palco que vários músicos estavam se apresentando. Conseguimos ver a apresentação de um quarteto e, depois dele, de uma cantora. As músicas eram hipnotizantes, e só saímos da frente do palco quando um homem começou a discursar (e obviamente não entendemos nada).

Quarteto fantástico

Cantora linda

Henrique in love

Seguimos nosso caminho pelo meio da parada, já nos movimentando para seguir para a próxima programação. Durante a noite, nosso plano era ir para o Spring Lights do Cherry Blossom Festival, que começava no entardecer e acabava às 22h.

Decidimos (para variar) ir a pé pela região, e acabamos parando para comer num restaurante grego de beira de estrada (literalmente). O nome do restaurante era Panos, e apesar de ser meio xexelento, era estranhamente caro. Depois de olharmos o menu, fizemos cara de paisagem e falamos para o garçom que estávamos sem fome (mentira, enorme mentira). Pedimos uma cerveja cada, aproveitamos um pouco do aquecedor e tomamos muita água.

Parecem tão fofos, porém não

Depois de muita conversa, e já que estávamos longe de tudo, decidimos ir andando para um shopping chamado Oakridge para fazer hora. Ele ficava relativamente próximo do Queen Elizabeth Park, e sem dúvida alguma precisávamos comer alguma coisa.

O caminho era longo, muito longo. Muito longo mesmo! Creio que caminhamos cerca de 1 hora sem parar. Margeamos um parque que ficava dentro do bairro residencial, passamos por dentro de um dos campus da Langara College, e caminhamos muito mais.

Finalmente avistamos a sacada do shopping Oakridge. Nossa ideia inicial era procurar roupas mais quentes (pois subestimamos o frio, para variar), mas ao chegarmos, descobrimos que tínhamos exatamente 20 minutos antes das portas se fecharem. Resultado? Sentamos apenas para comer e fomos embora com as luzes se apagando (e ainda com frio).

Combinamos de um amigo nosso (que mora aqui) nos buscar numa Starbucks ali perto, e de lá seguimos para o Queen Elizabeth. Para nossa infelicidade, começou a chover - e muito. Eu, que estava especialmente ansiosa para o evento, tive que baixar minha bola. 

Carreguei a bateria da minha máquina para isso, mas com a chuva, eu não podia me arriscar tanto. Ainda tentei tirar uma ou outra foto, mas o evento não acabou sendo como eu imaginava: estava chovendo muito, e o cansaço da caminhada nos deixou especialmente friorentos e moribundos. Não tínhamos mais força para muita coisa, e é meio chato andar para lá e para cá num evento cheio ontem todo mundo está usando guarda-chuvas.








A vista da cidade lá do Queen Elizabeth

Além disso, pensei que o Queen Elizabeth estaria muito mais iluminado. No entanto, o evento era algo como... as árvores, que são naturalmente lindas, ganharam umas luzinhas embaixo delas, e as pessoas passeavam pelo jardim para ver a cena como um todo. As luzinhas eram um complemento ao parque, e não necessariamente a atração principal. Por conta disso, acabamos não passando muito tempo, e fomos para casa.

Nessa noite, nos dividimos em duplas: eu e um amigo fomos para um bar chamado Two Parrots, e os outros dois foram para um pub. Eu e minha dupla não demoramos muito: tomamos um pint, pedimos nossa conta e seguimos nosso caminho para casa. Nesse dia, andamos um total de 19,1 km.

Terminamos a noite na sala ouvindo música e conversando. Não demoramos para dormir, pois no outro dia o Capilano Suspension Bridge Park nos aguardava (sim, eu fui lá de novo).

Day #3 - 13 de Abril - Chuva, muita chuva

Hey, everyone!

No Day #3 do Canadá, acordamos no nosso apartamento mais ou menos às 8h da manhã. Os primeiros dias têm sido um pouco mais difíceis do que eu esperava, em se tratando do meu sono: meu relógio biológico me faz acordar no horário do trabalho do Brasil, e fico com muita dificuldade para voltar a dormir. Noto que essa é uma dificuldade que tem sido compartilhada com meus outros dois amigos, então creio que vamos ter que ter paciência e torcer para passar logo.

Tomamos café da manhã em casa com as coisas que compramos num super mercado próximo. Optamos pelas comidas clichês: pão, queijo, ovos e café coado. Após a refeição, demos aquela velha olhada no Google Maps para ver quais atrações tínhamos ao nosso redor.

Optamos por visitar a Granville Island, destino bastante comum dos turistas que vêm para Vancouver. Seguindo as orientações do Google Maps, pegamos o ônibus #04 com parada em West Cloverleaf. Sobre o aplicativo, faço questão de ressaltar quão maravilhoso o Google Maps é: prático e intuitivo, o aplicativo diz exatamente quais ônibus pegar, quais pontos parar, quantos minutos você tem que andar. É incrível, de verdade, em especial para uma pessoa tão desorientada quanto eu.

Chegando lá, ainda era necessário caminhar por cerca de 10 minutos para o mercado central, o que fizemos de bom grado (apesar da chuva). Notei que uma das melhores partes de Vancouver é simplesmente caminhar sem rumo e pelos bairros aleatórios, de forma que essas caminhadas me proporcionam uma melhor sensação de fazer parte do local.

E essa mãe maravilhosa fazendo o filho de personagem do It?

Já chegamos no Granville Island Public Market com fome, então começamos a explorar de imediato. São diversas barraquinhas com frutas conhecidas e estranhas, mini exposições de arte (com preços um tanto quanto salgados), comidas diferentes e de todas as partes do mundo, e um número enorme de turistas. Nesse primeiro momento, conseguimos provar o chai, uma bebidinha indiana que feels like um mix de chá, café, canela (e amor). O chai tem sido nossa bebidinha favorita na viagem, e não perdemos a oportunidade de tomá-lo.


Henrique um pouco suspeito para provar o chai

Juli toda gatinha

Comidinhas

Como bons turistas, ficamos encantados com as coisas mais bobas. Eu, por exemplo, não sabia que gaivotas poderiam ser tão grandes! Na minha cabeça, elas eram um pouquinho maiores que um pombo, mas na verdade elas são verdadeiras galinhas voadoras e barulhentas! Já as amo, de verdade. Fora isso, depois de 30 anos assistindo filmes de terror, finalmente pude ver um corvo pessoalmente. Eles fazem aquele barulhinho-tenebroso-de-corvo, mas também já têm o seu lugar em meu coração.

Galinha voadora demais

Ficamos algum tempo apreciando a vista da cidade numa espécie de varandão/deque que o mercado possui, mas fomos mais uma vez vencidos pelo vento e pela chuva. Pegamos uma mesinha com vista para a ponte, e decidimos nos arriscar nas comidinhas. Como éramos três, cada um escolheu um prato a ser compartilhado pelo resto da mesa, então conseguimos provar: 1. Fish and chips; 2. Salada mexicana; 3. Chicken teriyaki.


Vista do varandão

Bandeirinha canadense

Barquinhos ao redor do mercado

Eu e friend

As frôs

As artes

Saímos do mercado e caminhamos lentamente pelas lojas que o rodeavam. Aproveitamos o momento para pedir maiores informações sobre o Whale Watching, uma das atrações que eu estou mais ansiosa para conhecer. Optamos por esperar o próximo dia de sol para reservar o nosso passeio.

Decidimos ir caminhando até o Museum of Vancouver. Apesar de ser uma coisa totalmente trivial, essa caminhada foi um dos momentos mais legais da viagem até então. Tivemos a chance de ver de perto vários bairros residenciais, e nos apaixonamos por no mínimo umas 30 casas. Todas são lindas e encantadoras, e os seus proprietários fazem questão de manter os jardins da frente das casas como uma verdadeira obra de arte.


Veja que coisa linda


Todas são lindas!

Eu e friend Juli

Cenários do meio do caminho #1

Cenários do meio do caminho #2

Chegamos no museu 14h40. Entramos rapidamente para ir ao banheiro (já que caminhar no frio me dá 100x mais vontade de fazer xixi), olhamos um pra cara do outro e... decidimos não visitar a exposição. Sim, isso mesmo. Estávamos frenéticos demais em conhecer a cidade, e nos parecia muito melhor a ideia de continuar caminhando sem rumo do que pagar 19 dólares para prestar pouca atenção.

Após sairmos do prédio, exploramos um pouco da paisagem ao redor. O museu também possui um jardim belíssimo, com cherry blossons, tulipas e outras flores, assim como um gramado enorme. Caminhamos continuamos caminhando pelo jardim, indo em direção ao mar. Para a nossa grata surpresa, nos deparamos com uma linda obra de arte em homenagem ao fundador de Vancouver. A vista de lá era perfeita, mesmo, e podemos achar outros pokémons diferentes no meio do caminho (patos super lindinhos e gansos).


Nós três

Fotinha conceitual

Como estávamos margeando o oceano, notei que nós três havíamos subestimado o frio da cidade. Teoricamente, o termômetro marcava 7, 8 graus, mas a sensação térmica embaixo da chuva e do vento do litoral é outra história. Logo nos nossos primeiros dias, conseguimos entender o que significa o apelido ˜Raincouver˜: chovia por 5 minutos, parava por 1; chovia por 5 minutos, parava por 1; e foi assim o dia inteiro.

Continuamos subindo a costa litorânea até a Kitsilano Beach. A praia é uma gracinha, e ficamos um tempo observando coisas como o tipo da areia, a temperatura da água (sim, colocamos as mãos na água) e as casas que ficam em frente à praia (belíssimas, btw). Notamos que não tomávamos água há muitas horas, apesar de não sentirmos sede. Já estava perto das 17h, então abrimos o Google Maps novamente para ver qual era o cafezinho mais próximo do ponto que estávamos.

Paramos num café bonitinho chamado Pane from Heaven Bakery Cafe & Kitchen. Só notamos quão mortos estávamos quando a gente sentou e pediu um café. Tomamos litros e litros de água, e fizemos o levantamento do passeio até então.

Pedimos um brownie delicioso para dividir entre os três, e provamos uma água flavorizada que o café disponibiliza gratuitamente para os clientes. Aprendemos que não precisamos comprar água, pois basta pedir um copo com "tap water" (água da pia) que os atendentes prontamente disponibilizam.

Eu precisava pegar minhas malas que estavam na casa da minha irmã, então precisávamos nos organizar de forma a encaixar essa tarefa no dia. Separamos nossas coisas para sair, e poucos metros depois da entrada, a mocinha australiana que nos atendeu apareceu correndo, avisando que minha amiga havia esquecido nada mais, nada menos que a mochila INTEIRA no local.

Seguimos até o ponto de ônibus de uma rua próxima e seguimos para Downtown. Dessa vez, descemos no que eu imagino ser o centro econômico da cidade: prédios lindos, lojas caríssimas e vários bancos no rodeavam. Passamos em frente à Vancouver Art Gallery (que devemos visitar nos próximos dias), e de lá fomos caminhando até o Airbnb.

Fizemos uma pausa no apartamento para beber uma garrafa de vinho branco que havíamos comprado e experimentar as raspberries e as blackberries que trouxemos do mercado de Granville. Aproveitamos o momento para descansar um pouquinho e, depois, tomamos coragem para pegar minhas malas.

Pegamos um ônibus que sai da Davie Street e seguimos até a parada próxima da Pendrell Street. Demoramos um tempinho conversando com minha irmã e meu cunhado, mas como estávamos mortos, não demoramos muito.

Nos arrastamos para o ponto de ônibus e chegamos "em casa" 30 minutos depois. Conseguimos ver a Granville Street à noite, que por ora eu achei parecida com a vibe da... ahm... Rua Augusta, talvez: muitos restaurantes, muitos bares, muito lugarzinho para ir. Minha irmã que mora aqui há mais tempo diz que acha a rua meio esquisita pela noite, mas eu achei bastante interessante.

Terminamos a noite comendo uma pizza de 2,50 dólares da esquina e desmaiamos - afinal de contas, foram 13,9 km de caminhada na chuva!

E esse foi nosso terceiro dia :)




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